quinta-feira, 18 de setembro de 2014

Passear de mão dada com o coração

Havia uma velha que nunca tinha passeado de mão dada com um coração. Os corações não têm mãos repetia para si, sempre que o seu estendia o braço. Dá-se a mão às crianças para atravessar a rua. Dá-se a mão aos bebés quando o corpo é ainda demasiado pesado para os deixar caminhar. Dá-se a mão nestes inícios, e no fim oferece-se a bengala. É simples, objectivo e funcional.
A velha seguia á regra o manual de sobrevivência moderno. Tinha, é certo, os seus devaneios materiais, e com eles ia enchendo os buracos do coração. E Deus era generoso com ela. Continuava a dar-lhe tarefas. E ela não tinha mãos a medir. Dava a mão a quem tinha partido um braço. Dava a mão a quem não sobreviveria sem ela. A velha sentia-se uma extensão da bondade do Senhor.