terça-feira, 5 de julho de 2011

Passageiro de mim


Chegou a casa
Desembrulhou o plástico da 5 à Sec
Um braço feito asa
Um homem corre numa estrada sem fim
As palavras escritas num céu branco
- Encontra-te, Sublime!
- Vou encontrar-me, Pioneiro!
Dois começos de final feliz.

-Até já, passageiro de mim!

sábado, 2 de julho de 2011

Vermelho

A minha serenidade veste-se de vermelho.

Companhia de sonhos

Já dormes? Gosto que me adormeças. Adormecer exausta não faz de mim boa companhia. Faltam-me os livros: uma voz que me acompanhe até aos sonhos.

Quero um milhão de coisas

Quero um homem doce
Que doce me torne também.
Quero deixar cair a armadura,
A rispidez e a arma pronta a disparar.
Quero ser amada
E sentir merecido o amor.
Quero um homem sem medo
Certo que o amor não lhe coarta a liberdade.
Quero ser como ele destemida
Segura que não é o amor que me limita.
Quero um milhão de outras coisas mais
Que aqui também não cabem.

Uma carta de amor, uma dor e algo maçador, ou sobre a velocidade

Os dias têm corrido cheios e neles estas letras não têm cabido. Cutucavam a mente e esta cutucava a caixa e os ossos da alma doíam de rejeição.
A musa deu à costa, trocou algumas palavras; só duas ou três criaram o lastro destas e de outras.
Seguramente que hoje se escrevem menos cartas de amor. O papel serve para firmar contratos, mandar facturas e recibos. Há amarras que julgam ter mais força porque no papel se veem como prova. O que gosto nas cartas enviadas por correio postal é o seu ritmo. Entre o ir e vir há necessariamente dias, e a lentidão da resposta sempre pode ser atribuída aos serviços. Um email de amor, só na sua designação arrepia, mas carta electrónica não me parece melhor substituto. Deixemos os nomes das coisas, que é a expectativa da velocidade da resposta que altera tudo. O amor fica mais ansioso e não há server que justifique mais do que umas horas de atraso.
Olhar a lentidão e a rapidez a tricotarem-se, desejosas de criar uma peça única, é um espectáculo de final inesperável. Pode o fim ser uma dor imensa, uma ruptura triste, um desaparecimento antecipado, deixando para trás risos e sorrisos, imagens e desenhos, actos puros, naturezas atípicas e a troca final de palavras amargas e acusatórias. Pode também não passar do cós de tão maçador parecer o ponto retorcido que sem se decidir as agulhas entrelaçaram.