quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

Equal


Why are you not behind the door
Thirsty for you
So as to drink in me
What I save just for us?

We are
What no one else
Can feel.
A violet light
That I envelope you in.
A white light
That I support myself in.

I am much more than a body.
It is not me you touch
When you lift me uncovered.
You offer me to the heavens
A piece of light
Naught without you.

Let us run through the warm winds
Naked.
Just us.
Without beds, without doors.

I don't think of you
You whom I have.
It is those who escape me
The unknown
Who sweeten my torment.

I adore you
Free woman.
You receive
One who venerates you as
An equal.

I am not in the measured days
In the full hours
I am not in the midst of people
Nor within clothing
I am where I do not see myself
Within you.

Seated before you
I adore you.
And since I venerate you
You lift me up with you.

Goa, November 2004

Salto de fé, determinação ou capricho

A determinação já me levou a muitos lugares. Aos que não sabia que não queria e a outros que nunca imaginara gostar. O mesmo se passou com outras tantas pessoas. Tive vidas paralelas entre mim e os lugares onde estava e as pessoas que pareciam caminhar a meu lado. A determinação fez-me superar muitas provas, tal como teimou em me esgotar. O fim de um caminho tem tanto de sucesso como de falhanço e no fim de mais uma linha revela-se outra partida. A fé e a determinação igualam-se, confundem-na com capricho.  Inútil só por sentir.



Retrato escrito II

Imperador de vários impérios
Perfil romano de outras eras
Uma história em cada sulco de sol

Na boca o traço maior
Onde dentes longos e amarelecidos
Abrem um sorriso matreiro e ainda gaiato

Na pele o descuido pede desvelo
E nos olhos cansados um brilho menino
Carrega tristeza nas costas das aventuras

Redonda a cabeça e o cabelo alvo
Ondas fortes que se agarram ao escalpe
Índio de pele clara e de reservas perdidas

São verdes os olhos nos globos sem ardor
Coberto por vários véus imagina-se livre
Nos apetites e nos impulsos

Indicia arrependimentos longínquos
Rejeições sucessivas e perdas de outrora
Voltado para trás quer ser esperado

Imagina-se fundo para não se dar ao amor
Esconde-se atrás do passado e do desamparo
E aí encontra encanto para se continuar

Protege para se defender
Teima na máscara de rufia
Que deixou colada à superfície

Avança para baixar a guarda
Numa segurança galã
Que desarma anseios e alimenta sonhos

Encontra razão nos fortes
E força nos fracos
E esquece-se de si entre honras e despojos

Está para além dos sulcos e do descuido
Mais fundo do que o arrependimento e as disputas
Longe das memórias e do passado movediço

É um menino à beira da verdade
Querendo ser aceite no todo
Na sombra e o no brilho

sábado, 13 de fevereiro de 2016

Retrato escrito I

Os olhos estão vestidos
Guardados num cofre frio
Metálicos não para ferir
Blindados para não sentir.
Metálicos são os cabelos
E a pele transporta a mesma armadura
Tudo tem a cor de outrora
Sentem-se as trevas da terra média
A luz não corta a espessa capa
O medo está sempre à espreita
Nunca foi a morte o fim
Nem quando bateu à porta.
O rosto encerra outra escuridão
Faz temer o contágio
E o lar das almas perdidas
Duros os lábios e outros sulcos
Trincheiras de si e dos demais
Lugares de batalhas perdidas
Eremita de cela solitária
Frade sem convento nem irmandade
Bondade que se dá sem reter
Represa que se desistiu de construir

Dar

Pedi o que me deram e não tive para dar o que já estava dado.

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2016

Les uns et les autres

Quanto do que faço
Faz de mim ser
Quanto do que sou
Está comigo no fazer

O acto e a essência
A prática e a identidade
A unicidade e o catálogo
A adequabilidade

Sem sinais sem placas
Sem nome sem igual

Um ser cem práticas
Um único cem traços

O resto e o âmago
Os pratos e os carris
A ilha e o mar
A liberdade

Quanto do que é nosso
Sou eu
Quanto de ti
Somos nós