quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

Retrato escrito II

Imperador de vários impérios
Perfil romano de outras eras
Uma história em cada sulco de sol

Na boca o traço maior
Onde dentes longos e amarelecidos
Abrem um sorriso matreiro e ainda gaiato

Na pele o descuido pede desvelo
E nos olhos cansados um brilho menino
Carrega tristeza nas costas das aventuras

Redonda a cabeça e o cabelo alvo
Ondas fortes que se agarram ao escalpe
Índio de pele clara e de reservas perdidas

São verdes os olhos nos globos sem ardor
Coberto por vários véus imagina-se livre
Nos apetites e nos impulsos

Indicia arrependimentos longínquos
Rejeições sucessivas e perdas de outrora
Voltado para trás quer ser esperado

Imagina-se fundo para não se dar ao amor
Esconde-se atrás do passado e do desamparo
E aí encontra encanto para se continuar

Protege para se defender
Teima na máscara de rufia
Que deixou colada à superfície

Avança para baixar a guarda
Numa segurança galã
Que desarma anseios e alimenta sonhos

Encontra razão nos fortes
E força nos fracos
E esquece-se de si entre honras e despojos

Está para além dos sulcos e do descuido
Mais fundo do que o arrependimento e as disputas
Longe das memórias e do passado movediço

É um menino à beira da verdade
Querendo ser aceite no todo
Na sombra e o no brilho

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