domingo, 7 de fevereiro de 2010

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Nos degraus da carne pura

Parou-a no meio das palavras:
Tinha de falar ali, em sons e sem olhos
Do que a move e eleva.
Não falou. Incapaz.
Não foi vergonha moral
Foi medo do desperdício.
Não foi insegurança de si
Foi o desmoronamento eminente.

Terreno e carnal
Ele fala, ela faz.
Elevado e fundo
Dele não se conhece
Ela assim o pensa e sente.

Da pele e dos gemidos
Das palavras imperativas
E dos dedos enterrados
Abre as pernas para sair de si.
O passo é incomensurável
Sempre além
Empurrando os limites.

Beijou-a beijos diversos.
Beijos que guardou em caixinhas
Beijos que sabe não conter.
Sentiu os seios cheios e tensos
Recordou domínios
De pedaços de si.

Entrou nele
Cheia de prazer
Agarrou-o por dentro
No domínio presente.
Controlando aqui
Gozando sempre
Ainda que nas suas mãos.

Ele brinca com ela
Directo e mordaz.
Ela escorrega nas curvas
Dos cérebros, despreocupada
Solta, feliz.

É no corpo
Veículo de outros deuses
Passagem estreita
Ritual sinalagmático
Que tudo pára

Antes

De nos olhos
Se elevarem
Trepando nos degraus
Da carne pura.