quarta-feira, 11 de novembro de 2009

"Fotografar aqui foi um pensamento verde" - Mafalda Mimoso (Fotografia) Da "natureza morta" até ao tributo aos Pólos, num clamor perante o Aquecimento Global

A Galeria Maria Lucília Cruz convida para a inauguração da exposição de fotografia de Mafalda Mimoso. A artista mostra pela primeira vez em Portugal o trabalho desenvolvido na Índia, país onde residiu nos últimos dez anos.

“Fotografo para tirar historias da minha cabeça. Historias que nascem de entre linhas, formas e cores, e por entre ideias, emoções e ideais. Historias que com palavras não conseguiria ilustrar da mesma forma.
Uso as imagens ou as letras quando umas ficam aquem de si mesmas. Tento mudando as agulhas. As vezes conjugando-as. Os meus comboios viajam em dois, quatro ou mais carris.
Fotografo aqui o gelo e a natureza, das coisas e das pessoas. Fotografo aqui o que os derrete e seca.
Fotografar aqui foi um pensamento verde. Escrever não sei se será”.

De 13 Novembro 2009 a 15 de Janeiro (21 de Dezembro a 5 de Janeiro, por marcação)

Galeria Maria Lucília Cruz
Rua das Salgadeiras, 22, Bairro Alto, Lisboa
Tel: 213 421 135
Tlm: 966 342 955 / 915 096 016
          mafalda.mimoso@gmail.com


sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Má consonância

Quem entra pelos fundos e encontra um homem à beira da morte,
Só pode esfacelar-se nas ravinas, olhar o xadrez dos outros
E sair de cena descalça pela praia.

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Um igual / An Equal

Porque não estás atrás da porta
Sedento de ti
Para em mim beberes
O que guardo só para nós.

Somos
O que mais ninguém
Pode sentir
Luz violeta
Em que te envolvo
Luz branca
Em que me sustento.

Sou muito mais do que um corpo
Não é em mim que tocas
Quando me levantas descoberta
Ofereces-me aos céus
Pedaço de luz
Nada sem ti.

Vamos correr por entre o vento quente
Nus
Apenas nós
Sem camas, nem portas.

Não penso em ti
Que te tenho.
São os que me escapam
Os desconhecidos
Que adoçam os meus tormentos.

Adoro-te
Mulher livre.
Recebes
Quem te venera
Um igual.

Não sou nos dias contados
nas horas cheias.
Não sou por entre as pessoas
nem dentro das roupas.
Sou onde não me vejo
Dentro de ti.

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Why are you not behind the door
Thirsty for you
So as to drink in me
What I save just for us?

We are
What no one else
Can feel.
A violet light
That I envelope you in.
A white light
That I support myself in.

I am much more than a body.
It is not me you touch
When you lift me uncovered.
You offer me to the heavens
A piece of light
Naught without you.

Let us run thorough the warm winds
Naked.
Just us.
Without beds, without doors.

I don’t think of you
You whom I have.
It is those who escape me
The unknown
Who sweeten my torment.

I adore you
Free woman.
You receive
One who venerates you as
An equal.

I am not in the measured days
In the full hours
I am not in the midst of people
Nor within clothing
I am where I do not see myself
Within you.

Seated before you
I adore you.
And since I venerate you
You lift me up with you.

(Tradução Isabel Santa Rita Vaz)

domingo, 1 de novembro de 2009

Outra morte

A manhã acordou escura tal como a noite em que adormecera.
Amarrou-se à cama esperando a morte.
Deu dois passos atrás, colou-se à parede e começou a observar
O corpo recém-emagrecido, o sono curto, a forçada vigília inerte.
Olhar o leito de mais um fim fez discorrer pedaços de vida e ler instruções de suicídios vários.
Olhar o leito de outra morte minimizou o sofrimento e esquissou as próximas.
Mortas se queriam a obrigação, a ansiedade, a inquietação
E os buracos brancos renascidos e virgens.