quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Um igual / An Equal

Porque não estás atrás da porta
Sedento de ti
Para em mim beberes
O que guardo só para nós.

Somos
O que mais ninguém
Pode sentir
Luz violeta
Em que te envolvo
Luz branca
Em que me sustento.

Sou muito mais do que um corpo
Não é em mim que tocas
Quando me levantas descoberta
Ofereces-me aos céus
Pedaço de luz
Nada sem ti.

Vamos correr por entre o vento quente
Nus
Apenas nós
Sem camas, nem portas.

Não penso em ti
Que te tenho.
São os que me escapam
Os desconhecidos
Que adoçam os meus tormentos.

Adoro-te
Mulher livre.
Recebes
Quem te venera
Um igual.

Não sou nos dias contados
nas horas cheias.
Não sou por entre as pessoas
nem dentro das roupas.
Sou onde não me vejo
Dentro de ti.

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Why are you not behind the door
Thirsty for you
So as to drink in me
What I save just for us?

We are
What no one else
Can feel.
A violet light
That I envelope you in.
A white light
That I support myself in.

I am much more than a body.
It is not me you touch
When you lift me uncovered.
You offer me to the heavens
A piece of light
Naught without you.

Let us run thorough the warm winds
Naked.
Just us.
Without beds, without doors.

I don’t think of you
You whom I have.
It is those who escape me
The unknown
Who sweeten my torment.

I adore you
Free woman.
You receive
One who venerates you as
An equal.

I am not in the measured days
In the full hours
I am not in the midst of people
Nor within clothing
I am where I do not see myself
Within you.

Seated before you
I adore you.
And since I venerate you
You lift me up with you.

(Tradução Isabel Santa Rita Vaz)

2 comentários:

  1. muito belo e bem construído este poema. Destaco, sobremaneira, a ideia poética das luzes que atam nós construindo um "Nós", um "Somos" que apruma o eu e o leva, à beira da luz, para um imaginal lugar etéreo "sem camas, nem portas".
    Parabéns.

    luís filipe pereira

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