terça-feira, 19 de abril de 2011

Cronos, Zeus e Piaf

Não sei o que se pode fazer ou deixar de fazer porque o tempo urge. Rugem os minutos e os segundos não taque-ticam como no recordado mas agora parado relógio de laca preta e de caixa alta com motivos chineses. O seu som enlouquece as feras escondidas que nos homens habitam sem serem ouvidas.
O tempo urgiu e deixou de urgir e o que foi feito e o que não se fez ficou desasado entre o poder ter sido mais, ou menos, ou diferente, ou não ter sido sequer.
Cronos filho de Urano continua vivo comendo os filhos que pode para que nada de mais ou de maior cresça. Tudo tem de ficar como está, que a viagem é inevitável e é preciso partir e é preciso ficar.
Não concedo a Cronos qualquer efeito paliativo senão o de dar ao ser a possibilidade de se transformar ou de em imutante ou imutável se tornar. Sem Cronos não há pensamento nem consciência que são tarefas do sujeito a quem cabe ou não recusá-las.
Almejo a imortalidade do invisível que feito não se desfaz.
Talvez não possa juntar aos Deuses uma meretriz, mesmo depois de já não o ser, mas depois de Cronos e Zeus é Edith Piaf que me volta à cabeça, tal como me revolve há muito o pensamento o que nestes três se fez símbolo.

Sem comentários:

Enviar um comentário