quarta-feira, 30 de março de 2011

Meninas Más e Meninos Maus

Há muito tempo que não lia um romance, nem lia tão rapidamente um livro. Também me parece que, embora escreva sobre temas recorrentes, nunca escrevi sobre o mesmo assunto de forma tão óbvia nem tão próxima, cronologicamente falando.
É evidente a qualidade literária do romance de Mario Vargas Llosa, Travessuras da Menina Má. Gostei de o ler, mas não tanto de o pensar. Fiquei curiosa e até incomodada por duas meninas boas terem gostado tanto deste livro e um menino mau não. Não discuti com nenhum deles o fundamento das suas opiniões. Em mim ficou o amargo de boca da violência latente, do desejo de vingança, das analogias superficiais, da devassa da imagem, da dor infligida, do sofrimento auto-imposto, da liberdade inexistente.
Não é a pressão da pobreza a que foi sujeita a filha de Arquimedes que justifica os seus actos, como não é o amor elevado de Ricardo que o mantem de braços abertos. É a fragilidade do espírito, o desrespeito por si mesmos e pelo outro. Nem tão pouco é a dúvida ou o medo.
Não é uma história de amor, nem uma parábola sobre os amantes que sofrem ou fazem sofrer. Não é uma guerra entre vencidos e vencedores.
É um murmúrio sobre o ser.

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